terça-feira, 6 de novembro de 2012

Graffite nas ondas da nova era

Por  Henrique Coutinho

Em tempos de novidades tecnológicas, o esperado era as novas substituírem as antigas, correto? Errado! O rádio é um grande exemplo disso, um meio de comunicação que vem se adaptando ao tempo, mas nunca sai de moda. E a bola da vez é o programa Graffite, na rádio 98 FM de Belo Horizonte, que tem uma trajetória de sucesso, mas como em todo trajeto, existiram obstáculos no caminho.  
 
Dudu, Magela e Rodrigo.
(Foto: 98fm.com.br)
Luiz Eduardo Schechtel, mais conhecido como Dudu, desde o começo de sua carreira no rádio, sempre quis criar um programa no qual os ouvintes tivessem mais espaço na programação. Em 1995, Dudu, já trabalhando como locutor na rádio Extra FM de Belo Horizonte, teve o apoio do diretor artístico Fernando Coelho, que aceitou a ideia de colocar o programa Graffite no ar. O programa permaneceu na rádio Extra por três anos, e logo em seguida saiu do ar, pois Dudu foi trabalhar na rádio Jovem Pan da capital mineira, em outro programa chamado Amolação, apresentado em parceria com Rodrigo Rodrigues, seu fiel amigo e companheiro de Graffite. Foi na Pan onde ele conheceu o Judson Porto, um dos locutores da rádio que futuramente seria parceiro no programa Graffite na TV Alterosa. 

No ano 2000, Fernando Coelho, ex-diretor da rádio Extra, assumiu a direção da rádio Transamérica e convidou o Dudu para voltar com o Graffite. Ele, sem pensar duas vezes, topou participar do projeto e convidou novamente seus antigos companheiros de Graffite, Rodrigo Rodrigues e Totonho. Antes da estreia, Dudu teve a ideia de acrescentar mais uma pessoa no programa, seu amigo Caju. Foi assim que nasceu a amizade e a parceria de Caju e Totonho, que futuramente viraram humoristas e atores de teatro e de televisão, uma parceria que vem dando certo há mais de doze anos. O Graffite permaneceu na rádio Transamérica somente um ano, pois a emissora estava mudando de estilo musical na época, que era focado em um público mais jovem que ouvia rock, hip-hop e eletrônico, para um público mais popular, que ouve sertanejo, axé e pagode.

Em 2001, Dudu entrou para a televisão. Era representante do Clube Atlético Mineiro na bancada do programa esportivo Alterosa Esporte, na TV Alterosa, substituindo Dadá Maravilha, ex-jogador e antes representante do Galo. Dudu foi consolidado no AE com o bordão “Galo Doido”. Sendo assim, surgiu a proposta de trazer o Graffite para a televisão, mas com uma pegada diferente, pois o Graffite na TV era um programa de auditório. 

Seu primeiro programa foi gravado no teatro Alterosa, contando com bandas, entrevistas e até com assistentes de palco. Judson Porto, seu ex-companheiro de trabalho na rádio Jovem Pan, trabalhava na rádio Guarani FM como operador de gravação. No ano de 2003, Judson recebeu o convite de Dudu e Robson Leite, que era o diretor do Graffite na TV, para comandar a parte musical e animar a plateia com um de seus personagens, o “Djegue”. Ele era um personagem nordestino que Judson havia criado para homenagear seu avô paraibano. Em entrevista, Judson contou que no primeiro dia do programa, eles entrevistaram a banda Tianastácia, e receberam também a presença do mágico Renner. No meio de um de seus números de mágica, ele jogou as cartas para cima, e uma das cartas ficou presa em um holofote. Por questões institucionais e problemas comerciais, o projeto Graffite na TV foi finalizado porque, segundo Judson, o programa não era muito “vendável para o horário”.

Em 2007, Dudu assumiu a direção artística da rádio 98 FM de Belo Horizonte. A 98 sempre foi conhecida como uma rádio que é “feita pelo ouvinte”, ou seja, ele sempre participa de tudo, pede músicas e participa também de talk shows, programas radiofônicos em que o ouvinte dá a sua opinião sobre determinado assunto e interage com os locutores. No ano de 2008, após uma reunião com a produção e direção da rádio 98 FM, surgiu novamente à ideia do retorno do Graffite, agora em uma nova emissora. Após essa reunião, Gilbert Campos, apresentador do Silicone Show na época, incentivou Dudu a voltar com o programa de 17 às 19 horas. No dia 18 de fevereiro de 2008, o programa Graffite estreou na 98 FM, com a mesma formação que os consagrou na rádio Transamérica: Dudu, Caju, Totonho e Rodrigo Rodrigues. 

Logo depois de um tempo, Caju e Totonho saíram do programa, porque foram se dedicar mais à televisão, com seu programa na TV Alterosa, o “Caju e Totonho em OFF”. Após a saída de Caju e Totonho, Dudu fez o programa somente com o Rodrigo Rodrigues e, nesse meio tempo, o humorista Geraldo Magela, popularmente conhecido como “O Ceguinho”, ia às vezes para divulgar suas apresentações teatrais e shows de stand-up. Em um determinado dia, Dudu convidou, no ar, Geraldo Magela para participar do programa definitivamente, atendendo a muitos pedidos dos ouvintes. Magela já vai para seu terceiro ano como integrante no Graffite. 

Um dos maiores orgulhos de Dudu é saber que existem pessoas que ouvem o Graffite, não só pelo simples fato de se divertirem, mas também para sairem de depressão profunda, problemas em casa e também perda de algum ente querido. Isso faz do Graffite muito mais que um simples programa de rádio. 

Em meio a novas tecnologias como Mp3 e Ipods, o rádio, mesmo com o passar do tempo, nunca caiu no esquecimento, o Graffite é mais que um exemplo disso. 

“Pra mim, na vida existem três pilares. O primeiro é a humildade. Nunca ache que você sabe tudo, porque você está sempre aprendendo. O outro é o profissionalismo. Ser profissional é ser dedicado, respeitar quem trabalha com você. Ser profissional não é só você cumprir o seu horário e fazê-lo bem, é ser profissional em todos os sentidos. E o último pilar é o amor, porque você tendo amor pela profissão podem vir todos os problemas do dia-dia, que são pessoas que te jogam pra baixo, pessoas que querem puxar o seu tapete... são momentos difíceis na profissão, de você não conseguir o seu espaço, de não receber o quanto poderia receber. Então eu acho que amar a sua profissão é o passo mais importante para que você se dê bem, aprenda e que você queira sempre estar motivado a fazer o que você faz, pois é o que escolheu para a sua vida e é o que vai te seguir durante muitos e muitos anos”, diz Dudu. 

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