quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Preconceito sentido na pele

Apesar da aparente maior aceitação, pessoas com piercing e tatuagem ainda sentem dificuldades para ingressar no mercado de trabalho.

Por João Vitor Cirilo.

Nos dias atuais, o mundo tende a ser mais receptivo com todos os tipos de pessoas. Homens e mulheres, heterossexuais ou homossexuais, gordos ou magros, negros ou brancos, tatuados, que usam piercing... A impressão passada é a de que há lugar para todos no mercado de trabalho. Mesmo assim, a situação considerada utópica por alguns não é 100% verdadeira. O preconceito ainda se faz presente. A situação pode ser verificada em entrevistas para determinados empregos, que tendem a fechar as portas para pessoas que sofrem com estereótipos criados pela sociedade.

A questão é polêmica. Enquanto alguns preferem esconder o acessório em razão do desejo de saírem de uma entrevista com o emprego garantido, outros muitos consideram não ter o que temer. A preocupação excessiva de algumas empresas com a “boa imagem” transmitida a clientes pode ser o principal fator que faz com que os empregadores não recrutem funcionários considerados fora de um padrão imposto pela sociedade, que faz uso de um preconceito quase infantil para definir níveis de qualidade.

A estudante Tatiana Gabriella, 17, tem um piercing no nariz. Ela diz que “muitas vezes as empresas se deixam levar pelas aparências”, mesmo que uma pessoa como ela, que use piercing, tenha a mesma capacidade do que outra que não use o acessório.

Tatiana conta que a situação ficou bem explícita quando foi tentar um emprego em uma loja de venda de perfumes, que abria vagas para novas funcionárias. “Simplesmente me olharam com cara de nojo”, revela. Para não passar por essa situação frequentemente, Tatiana já optou por esconder o piercing. “Assim tenho mais chances de passar”, explica.

Pedro Moreira, 22, tem uma tatuagem no braço. Ele afirma não sofrer diretamente com o preconceito, mas já chegou a percebê-lo em seu antigo emprego, quando atuava como vendedor em uma empresa de informação e tecnologia. “Eles (chefes da empresa) perguntaram se em outros lugares o pessoal não ligava de eu ter tatuagem. Disseram que perguntaram a toa, porque lá não se importavam com isso. Dei sorte, mas só por esse questionamento notamos que existe essa restrição em alguns lugares, dependendo da área”.

Devido a seu desejo em áreas como publicidade, computação e música, Pedro não se arrepende de ter feito a tatuagem, porque quando a fez já sabia que nesses seguimentos as empresas são mais “abertas” com relação a isso. “Mas a pessoa tem que saber muito bem onde ela quer trabalhar, para não ter problemas sérios com isso”, conclui.

O desafio para quem está de “fora do padrão” é ainda mais árduo do que para os considerados normais: além de mostrar ser bons funcionários, tatuados, por exemplo, têm que provar que a aparência não tem nada a ver com competência. “Parece que alguns pensam que sou uma marginal, mas quando me conhecem de verdade sabem que tudo não passava de um preconceito”, comenta Tatiana Gabriella.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Agressão "despercebida"

Por Raquel Durães

Na madrugada de sexta-feira, 26, Juliano Azevedo publicou, na íntegra, os horrores que sofreu na Savassi, em um lugar que, como ele mesmo disse, é "a região mais democrática de Belo Horizonte", devido à sua diversidade cultural. No relato, ele conta que foi atacado por dois skinheads em um dos pontos mais movimentados do bairro. O motivo? Ter abraçado um amigo.

A intolerância dos Skinheads e a impotência das pessoas perante situações como essa é algo preocupante. O que mais preocupa é a frequência com que isso acontece pela cidade. E mais, as situações são sempre as mesmas. As vítimas, em sua maioria, homoafetivos, são espancados, torturados e, muitas vezes, mortos em espaço público. Entretanto, nada acontece aos agressores, e o descaso com a segurança pública fica ainda mais evidente.

Como se resolve a ignorância da raça humana, que tenta eliminar seus iguais?

"Senti que foi uma despedida de uns valores que acredito como cristão: não dá pra perdoar tudo. Perdoo o sujeito que não possui amor ao próximo, mas não perdoo a violência. A agressão, o ódio. Jamais perdoarei quem me bateu. Jamais esquecerei o descaso das forças de segurança, as quais eu pago diariamente com meu suor de trabalhador. Minha integridade foi machucada. Meu direito constitucional foi rasgado no momento que precisei dele especialmente" - Juliano Azevedo

    

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Nicolás Rodríguez: 'Ter um indicador tão negativo pesa na imagem do Brasil'

Com alto nível de corrupção, o país se destaca com uma reputação que não merecia ser destacada.

Por João Vitor Cirilo e Raquel Durães

Sem dúvidas, a corrupção é um dos problemas que mais tiram o sono da população brasileira. Atualmente, o país encontra-se na 73ª posição no ranking dos países mais corruptos, composto por 180 nações. O consultor da Organização das Nações Unidas para assuntos de corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado, Nicolás Rodríguez Garcia, visitou o Brasil a convite da entidade Advogados Públicos Federais e deu seu parecer sobre o tema.

Os indicadores internacionais não colocam o Brasil numa boa posição. Pela influência que exerce na América Latina, o país poderia ser um exemplo. “Ter um indicador tão negativo pesa na imagem do Brasil”, afirma Rodríguez. Entretanto, a falta de percepção pública a respeito dos crimes colabora com a prática dos delitos. “O combate à corrupção exige tempo e mudança da mentalidade da população”, reconhece o consultor. De acordo com o especialista no combate desse crime, apenas 5% dos casos de corrupção são denunciados, somente 16% dos processos penais de corrupção terminam em condenação, e apenas 1% dos corruptos de fato vai para a cadeia.

O consultor da ONU considera que o julgamento do mensalão é um passo importante dado pela sociedade brasileira, mas reforça a necessidade de que os atos de corrupção sejam fiscalizados e rechaçados pela população. “O cidadão tende a ter um desvalor social. Se for o roubo da carteira, a pessoa sente. Agora, se levam milhões de reais da saúde, da economia, ninguém pensa que esse dinheiro serviria para abrir um hospital, uma rodovia ou uma escola”.

Sobre o julgamento do mensalão, o jurista considera que “a mensagem é altamente positiva, mas se ficar apenas em dez pessoas que romperam a regra do jogo não se terá conquistado nada. O mensalão fará parte desse 1% dos casos solucionados, mas é preciso que todos vejam que estão sendo prejudicados pela corrupção”, completa.  

Com informações do jornal Metro Brasil do dia 23 de outubro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Sala de Imprensa" recebe quatro jornalistas formadas na Newton

Por João Vitor Cirilo e Raquel Durães.

Na última terça-feira (16), o campus Carlos Luz 800 do Centro Universitário Newton Paiva recebeu mais uma edição do “Sala de Imprensa”. As convidadas foram quatro jornalistas bem-sucedidas na mídia mineira, todas formadas na Newton. Flávia Scalzo e Raquel Rocha, repórteres da TV Record, a repórter Camila Leste, da TV Bandeirantes, e Raquel Romagna, chefe de rede/produtora da Rede Minas, contaram suas experiências e debateram temas relacionados à sua profissão.


Foto: Henrique Coutinho

Se as trajetórias das jornalistas são um pouco diferentes, uma coisa foi comum a todas. “A sorte foi fundamental”, diz Flávia Scalzo. Quando saiu da faculdade, a Record passava por uma transformação e abria vagas para novos funcionários. Era a oportunidade esperada pela repórter, que já tem seis anos de casa.

Hoje companheira de Flávia na TV Record, Raquel Rocha perdeu a conta de quantos currículos mandou ao longo do curso. Quando chamada para trabalhar em Governador Valadares, “nem lembrava que havia mandado currículo para lá”.

O papo sobre TV foi o destaque da noite, obviamente por ser o meio em que as convidadas mais têm contato. Raquel Romagna confessou que nunca teve como desejo aparecer na TV, e ressaltou o trabalho dos bastidores. “O glamour da TV só existe para quem está assistindo”, conta. Quando perguntadas sobre o que seria um fator diferencial para o profissional de TV, Romagna falou sobre proatividade e Camila Leste disse que é importante “escrever muito em poucas palavras”, ressaltando a importância da capacidade de síntese.

Nos dias atuais, o jornalismo policial ganha cada vez mais espaço. Então, o contato entre jornalistas e suspeitos de crimes se torna cada vez mais comum, como também é comum o desrespeito por parte de alguns profissionais. “É importante saber se impor, mas respeitar as pessoas é fundamental, sendo bandido ou não”, diz Camila.

Romagna falou de limites (Coloque limites na sua vida). Sobre os perigos da profissão, Raquel Rocha foi direta. “Se não vale a pena, não faça. A violência é muito grande e, infelizmente, a imprensa não é respeitada”. Ainda sobre o jornalismo policial, Raquel Romagna destacou o ganho de território por parte das mulheres. Entretanto, o machismo ainda existe em grande escala.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Jovens e livros: do papel as telas


Quem tem o hábito de leitura, certamente possui um rico vocabulário, intelecto, e senso crítico. Entretanto, nem sempre esse hábito vem acompanhado pela afinidade por livros.


Por Raquel Durães

Pesquisas realizadas pela ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DIFUSÃO DO LIVRO, em agosto deste ano, apontam que a leitura está perdendo o lugar para as famílias brasileiras. Ao invés de livros, jovens consomem cada vez mais aparelhos eletrônicos, como celulares e videogames. Segundo a pesquisa, atualmente as famílias gastam cerca de 20% mais com revistas e jornais, entretanto o consumo de livros caiu 36% em 2012. Outra razão que pode explicar o declínio do consumo dos livros é o preço, que, em alguns casos, são muito caros. “Prefiro baixar na internet, pelo menos é de graça”, diz André Rodrigues, 23, estudante.

O costume de ler, especialmente livros, deve ser incentivado desde a infância. “Devo meu carinho pelos livros à minha mãe. Cresci vendo-a ler, então estou acostumada com eles”, afirma a estudante Fernanda Santos, 21. Entretanto, ela diz que não tem muita paciência com outros meios impressos, por exemplo, os jornais: “prefiro algo que fuja do comum. Os livros conseguem me tirar da rotina que, às vezes, é muito entediante”, conta Fernanda.

Impressos ou digitais?

Estamos na era digital, onde tudo é voltado para computadores, celulares e equipamentos com alta qualidade tecnológica. Os livros, antigamente só de papel, agora também estão disponíveis nas telas dos iPhones, iPad e outros aparelhos – são os chamados e-Books. Uma das vantagens dos livros digitais é que eles normalmente saem mais baratos, devido à sua facilidade de divulgação e seu baixo custo de produção.

Entretanto, essa nova moda não agrada a todos. “Prefiro os livros tradicionais. Ler nas telas é extremamente cansativo. Acho que nunca vou me adaptar”, diz Fernanda. E completa: “tenho alguns livros arquivados no computador, mas não tenho paciência. Gosto deles na minha mão”. Se, para alguns, os livros digitais são uma tortura, para outros é sinônimo de praticidade. “É melhor ter os livros em aparelhos digitais. Economiza espaço, a mochila não pesa e é bem mais prático”, afirma André Rodrigues.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Lembrança


Por Jéssica Rayanne.


Foto: fotoplatforma.pl


Assim meio como quem não quer nada, ela novamente chega perto, olha bem fundo em meus olhos, como se tentasse adivinhar quem sou, ou qual seria a minha origem. Com uma voz calma e gelada, ela se aproxima. Ao primeiro olhar, roupas meio velhas, rasgadas, pulseira no braço, olhos claros, meio magros, na verdade com jeito de quem procura algo maior. Nesse mundo de solidão.

Primeiro comprimento: _ Alô meu rei. Bom dia princesa.

Ela continua com sua fala. Já como um texto decorado. _ Pelo Brasil e pelo mundo, passando por BH, apresento a você  minha arte, que não é ouro nem prata, mas, um simples artesanato... Podendo ser usado como pulseira e tornozeleira, hoje pelo preço de cinco reais, para ajudar nos custos desta pobre comerciante.

Fiquei esperando que talvez ela se lembrasse do meu rosto. Já ouvi isso tantas vezes. Ela porém não me reconhece, não sabe quem sou, ou que falou comigo inúmeras vezes sobre seu trabalho. Eu lhe disse quantas vezes já comprei, ou já ouvir aquela mesma conversa.

Neste momento ela, meio sem graça, como se a cortesia acabasse naquele instante, me olha fixamente. Achei que ela me engoliria com um palavrão, e iria embora. Porém, a surpresa é evidente em minha face, quando ela educadamente sorri, já sem alguns dentes, e diz:

-- E você, hein sacana?! Fazendo-me repetir tudo de novo!

Virou as costas e se foi, para daqui um dia, ou dois, encontrá-la de novo e se repetir o mesmo episódio.


Valorização Social

                                                                             Por Jéssica Rayanne.
O Estado de Minas Gerais é hoje muito importante sob a visão histórica do país. Preservar e restaurar esse patrimônio é essencial para guardar a identidade do país e possibilitar que gerações futuras possam ter contato com a história. Pensando na importância de valorizar e cuidar desse patrimônio cultural e na qualificação profissional de jovens de baixa renda, alunos de escolas públicas, o Instituto Cultural Flávio Gutierrez-(ICFG), fundado e presidido por Angela Gutierrez, realiza desde 2008 o curso de qualificação de jovens na área de restauração.
                                            Foto: Cedidas pelo Museu de Artes e Ofícios
O Valor Social, como é chamado, é um programa que tem como objetivo preparar esses jovens para trabalharem como conservadores e assistentes de restauro, que hoje tem um papel importante para o país. Mas o que chama atenção é como ele faz uma junção de preparar o jovem para o mercado de trabalho e ao mesmo tempo ensinar a viver em sociedade. 

Um bom exemplo dessa iniciativa é Naiara Gonçalves, que participou do valor social na turma de 2011 e hoje estuda restauração na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Acredito que uma mudança de perspectiva aconteceu em minha vida. Começando pelo lugar, um ambiente agradável, com funcionários diferenciados, que nos acolheram com muito carinho, os professores que não ensinaram somente matérias e técnicas, mas, principalmente a sermos pessoas melhores a cada dia. Eles nos passaram o sabor do saber”. 

Outro exemplo é Kelvin Mckolen Martins, que hoje estuda museologia também na UFMG, e diz que “o contato diário no museu, despertou o desejo de estudar e aprender, a cuidar de locais como estes que merecem carinho e atenção”.
O professor especializado em conservação e restauração de obras de arte, Adriano Ramos, proprietário da empresa de restauração Grupo Oficina de Restauro, é um apaixonado pelo patrimônio histórico cultural Brasileiro, e participa do projeto desde a sua primeira etapa em 2008. Ele é um dos responsáveis por encaminhar jovens ao mercado de trabalho.
O curso é composto por aulas teóricas e práticas, nas quais se aprende sobre o oficio de restaurador, história, química, física, biologia, fotografia, empreendedorismo, gestão em finanças pessoais, ética e cidadania, entre outras. O Programa considera a formação integral do jovem como essencial para sua plena inserção no mundo do trabalho. 

“A estrutura do curso esta pautada em dois momentos. Nós entendemos que para que pudéssemos garantir a formação do aluno de forma ampla, teríamos que nos responsabilizar pela qualificação técnica. Muito mais do que isso. Nós precisamos fazer um momento de adequação e de aproximação desses alunos com a realidade escolar. Desse modo, as diversas disciplinas são chamadas a responder essas perguntas que surgem durante a aprendizagem do fazer”, diz Naila Mourthé, coordenadora do projeto. 

Com carga horária de 420 horas/aula e duração de seis meses, o curso oferece ainda bolsa-auxílio, vale-transporte, uniforme, alimentação e material didático, além de viagens técnicas a cidades históricas como, Congonhas, Ouro Preto, Sabará ente outras.
Desde 2008 o curso já formou mais de 100 jovens com faixa etária entre 17 e 24 anos, e conta com parcerias importantes como a Fundação Dom Cabral, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-IPHAN e as Prefeituras de Belo Horizonte e Nova Lima. 

Propiciar ao jovem um olhar mais criterioso sobre o mundo, mas sem deixar de fazê-lo refletir sobre seu espaço, sua vida, a sociedade quem que ele quer viver e mais importante ainda o que mudar para se ter um futuro melhor. “Quando o aluno volta ao museu e mostra a carteira de trabalho assinada, e fala que a vida dele se transformou, é motivo de grande alegria”, completa Naila.

Fotos cedidas pelo Museu de Artes e Ofícios

Os donos da mídia

Por Jéssica Rayanne e Henrique Coutinho.

Os meios de comunicação vêm crescendo cada vez mais no Brasil. Internet, televisão, rádio e jornais são usados para informar e gerar reflexões sobre nossa sociedade, resultando em pessoas com opinião e senso crítico. Mas, infelizmente, não é isso que acontece. Cada vez mais as mídias vêm sendo dominadas por quem tem alto poder aquisitivo, como líderes políticos e religiosos.
Dados do Ministério das Comunicações indicam a existência de um cadastro denominado “caixa-preta”, constando nomes de 56 deputados e senadores que são sócios ou têm parentes no comando de emissoras de rádio e televisão, que, na verdade, “controlam” o que vai ser dito, publicado e, muitas vezes, falado por esses veículos. Mostrando dessa forma apenas um lado da moeda.
Ao pensar nos meios de comunicação, deveríamos imaginar algo que tira as pessoas da alienação. Deveria mostrar todos os lados da noticia, não apenas o lado que lhe convém.
Paulo Bernardo, Ministro das Comunicações, disse que com essa divulgação ampla avançamos na transparência. Ele acredita que a sociedade poderá ajudar na fiscalização do setor. Resta saber se de fato a “fiscalização” vai acontecer e se a população vai realmente ajudar.

sábado, 6 de outubro de 2012

Mais uma prova

Coluna originalmente publicada no BOLEIROS DA ARQUIBANCADA, no dia 05/10/12. 

Por João Vitor Cirilo.


5 de outubro de 2012. Mais um triste dia para o esporte brasileiro. Dia em que Carlos Arthur Nuzman é reeleito presidente do Comitê Olímpico Brasileiro. Com mais essa "conquista", Nuzman, já há 17 anos no comando do COB, poderá chegar a 21 à frente da entidade máxima do esporte no nosso país. Quinto mandato consecutivo do presidente que segue tranquilo e sem ser questionado por quem também tem poder.


Seriam 33 votos possíveis na eleição do COB, realizada na manhã desta sexta-feira. Porém, José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol, e Carlos Luiz Martins, interventor da Confederação Brasileira de Vela e Motor, não compareceram. Assim, foram 31 eleitores, e 30 votaram pela reeleição da chapa única, que tem Carlos Nuzman como presidente e André Gustavo Richer como vice. Nuzman segue no comando do Comitê Olímpico Brasileiro durante o quadriênio 2013/2016.

Palmas aos envolvidos.
(Foto: John Gichigi/Getty Images)


O poder de influência (ou manipulação, como preferirem) desse senhor foi mais uma vez comprovado. Mesmo sofrendo 'milhares' de denúncias pesadas com certa frequência _ desde roubo de informações a gastos excessivos e não justificados de verba pública _ , Nuzman segue firme e forte e se perpetuando no poder, contando com o apoio de (quase) todas as confederações. Eu disse "quase", porque a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), presidida por Eric Maleson, foi a única a manifestar voto contra à permanência do mandatário do esporte brasileiro por mais quatro anos.


A denúncia da semana foi veiculada no canal ESPN, vinda da CBDG. Maleson, presidente da entidade, afirmou que a federação é perseguida, porque não apoia o COB e seu presidente. Entre outras mostras de poder por parte da entidade, a sede da CBDG foi invadida no fim do ano passado por membros do Comitê Olímpico Brasileiro. Nessa semana, a ESPN veiculou a série de reportagens "No mundo encantado do COB", fazendo denúncias como essa. Entenda melhor toda a trama assistindo às reportagens da série.

Essa é apenas mais uma prova de que (a maioria de) nossas confederações esportivas, seus presidentes e nosso governo não se importam com o esporte. A esperança é que, assim como aconteceu com Ricardo Teixeira, ex-comandante do futebol brasileiro, o mandatário olímpico em nosso país possa ser derrubado em breve.

Que denúncias e cobranças continuem aparecendo, para que o esporte e, sobretudo, os atletas possam ser realmente valorizados em nosso país. Que, um dia, ninguém tenha a possibilidade de reduzir a importância do esporte e fazer dele apenas "seu meio de vida", como disse o jornalista Juca Kfouri em uma das reportagens do canal de TV paga.

Parabéns a todos os envolvidos e, evidentemente, ao governo brasileiro, que teria a obrigação de intervir em situações assim, através do Ministério do Esporte.

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